Leonardo César Costa
Aproximadamente 40% das transações de grãos no Brasil acontecem por meio de barter. A Operação Barter é uma negociação normalmente realizada entre produtor rural, a distribuidora de insumos agrícolas e a trading. No meio das negociações, os pagamentos pelos insumos comprados pelo produtor costumam ser efetuados por meio de troca pela produção da fazenda.
Neste modelo, não acontece nenhuma intermediação monetária e o acordo entre as partes é realizado antes mesmo da colheita, por meio da CPR (Cédula de Produto Rural).
De forma resumida, as operações de barter funcionam a partir de um acordo de troca entre a produção e insumos. Porém, não são somente as duas partes (produtor rural e distribuidora de insumos) que se envolvem no processo, visto que, as empresas fornecedoras normalmente trabalham em parceria com tradings e consumidores de grãos.
Com isso, os envolvidos no processo acabam sendo: (i) Produtor: produz e troca o produto por insumos; (ii) Fornecedor de insumo: vende as sementes, fertilizantes e/ou defensivos; e (iii) Trading ou consumidor de grão: entra com o interesse em comprar e preparar o grão para consumo ou venda.
As empresas de trading comumente representam o comprador final, que é quem de fato define o preço com base no repasse do mercado internacional, colocando os detalhes da negociação.
Com o grão digital, os agricultores poderão obter melhores condições de negociação. Além disso, o ativo digital reduz a burocracia envolvida no processo, uma vez que as tradings precisam, geralmente, apresentar o contrato de compra do grão para várias revendas para garantir que a dívida será quitada na época da colheita.
O grão digital nada mais é do que ativo comercializável, o qual representa o volume da produção do agricultor. O ativo digital acompanha, de forma automática, as variações de preço das commodities, acompanhado os índices aceitos pelo mercado para cada grão.
A partir da comprovação física do produto e da apresentação do contrato de venda no presente ou no futuro, a empresa deposita os grãos digitais na cripto carteira do produtor, que muitas vezes é acessada por aplicativo, através do próprio celular do produtor rural. Com o crédito em conta, o agricultor pode trocar os grãos digitais por alguma criptomoeda ou fazer pagamentos de sementes, veículos, combustível, entre outros.
O token também pode ser utilizado como garantia de empréstimos, funcionando como uma espécie de Cédula de Produto Rural (CPR). Quando a produção for entregue, o token é pago com moeda corrente.
A tokenização das commodities ainda facilita a rastreabilidade da produção. A tecnologia blockchain, que dá base ao grão digital, permite registrar os cereais com todos os dados relativos à sua produção, como dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), insumos utilizados e desenvolvimento da lavoura.
As ações recentes do BACEN e da CVM sinalizam que tokenizar é legal e o real digital será um grande divisor para aumentar a credibilidade da tecnologia para quem quer investir em ativos digitais.
No mercado do agro, a tokenização é uma forma de viabilizar movimentações com resultados melhores tanto para quem negocia quanto para quem investe.