Isadora Candido Maia
Organizar o patrimônio e investir de forma estruturada são passos fundamentais para pessoas e empresas que desejam otimizar impostos, proteger seus bens e planejar a sucessão de maneira eficiente. Entre as principais estruturas para esses fins, destacam-se as holdings e os fundos de investimento, que embora sejam alternativas interessantes para gestão de ativos, elas possuem características distintas que as tornam mais ou menos adequadas dependendo dos objetivos e do perfil de quem investe.
Uma holding é uma empresa cujo principal objetivo é deter e controlar o patrimônio de outras empresas ou bens, que diferentemente de uma empresa operacional, que atua na produção de bens e serviços, a holding visa administrar e proteger ativos, podendo, inclusive, deter participações em outras empresas. Existem diferentes tipos de holdings, como as patrimoniais, voltadas para a gestão de bens e patrimônio familiar, e as empresariais, destinadas à administração de outras companhias. Esse tipo de estrutura oferece diversos benefícios, especialmente no que se refere ao planejamento sucessório, haja vista que, com uma holding familiar, o patrimônio é administrado de maneira organizada, facilitando a sucessão de bens e evitando disputas judiciais entre herdeiros.
Além disso, a holding pode funcionar como uma ferramenta de proteção patrimonial, pois ao transferir bens pessoais para a holding, o investidor pode proteger o patrimônio familiar de eventuais riscos financeiros, desde que a estrutura esteja de acordo com as normas legais e seja utilizada de forma ética. A criação de uma holding pode, ainda, ser vantajosa sob o ponto de vista tributário, permitindo economia sobre lucros, dividendos e outros ganhos. Contudo, é importante observar que, dependendo da legislação e do perfil da holding, os custos de manutenção dessa estrutura podem ser elevados, abrangendo despesas contábeis, administrativas e jurídicas.
Ademais, a gestão de uma holding demanda um planejamento contínuo e cuidadoso, exigindo acompanhamento constante por parte de profissionais qualificados. Em casos de holdings familiares, a necessidade de um acordo claro entre os herdeiros também é um ponto crucial para evitar disputas, especialmente na divisão de bens e no poder decisório.
Já os fundos de investimento constituem um tipo de estrutura em que diversos investidores aplicam seus recursos sob a administração de um gestor profissional, que tem como objetivo a rentabilidade no mercado financeiro. Existem diferentes tipos de fundos, como fundos de ações, fundos imobiliários e fundos multimercado, cada um com perfis de risco e retorno específicos.
Uma das vantagens dos fundos de investimento é a possibilidade de diversificação, pois mesmo com um capital relativamente baixo, o investidor tem acesso a uma carteira diversificada, o que reduz os riscos associados a ativos individuais. Outro benefício é o acesso a ativos exclusivos, incluindo investimentos complexos e de maior valor, como empreendimentos imobiliários de grande porte e ativos internacionais, o que seria mais difícil de obter para um investidor individual.
Nesse sentido, a gestão profissional é mais um aspecto atrativo dos fundos, haja vista que, esses são administrados por especialistas que podem proporcionar retornos consistentes, beneficiando especialmente investidores que não dispõem de conhecimento ou tempo para uma gestão direta. No entanto, os fundos de investimento possuem desvantagens que devem ser consideradas, pois as taxas de administração e performance cobradas impactam a rentabilidade e podem reduzir o lucro final do investidor, especialmente em fundos com altos custos de gestão.
Além disso, ao optar por um fundo, o investidor abre mão do controle direto sobre as decisões de compra e venda de ativos, confiando essas escolhas ao gestor, e mesmo com a expertise da gestão profissional, os fundos estão sujeitos aos riscos de mercado, o que significa que não há garantia de retorno.
Desta forma, a principal diferença entre uma holding e um fundo de investimento está no propósito central de cada uma dessas estruturas. Enquanto a holding tem como objetivo a proteção e organização de ativos com foco no longo prazo e no planejamento sucessório, o fundo de investimento é orientado para a maximização dos retornos financeiros, com uma gestão mais dinâmica e maior exposição aos riscos do mercado. A holding oferece um controle elevado ao investidor ou empresário, que possui poder decisório sobre os bens e ações incluídos na estrutura, enquanto nos fundos de investimento o controle é mais limitado, uma vez que as decisões de alocação são tomadas pelo gestor.
Em relação aos custos, as holdings tendem a envolver despesas fixas elevadas, como os impostos de manutenção e a contratação de serviços contábeis e jurídicos. Por outro lado, os fundos de investimento têm custos variáveis, como taxas de administração e performance, que podem impactar a rentabilidade ao longo do tempo, mas proporcionam conveniência na gestão. O perfil de risco é outro aspecto que diferencia as duas estruturas: enquanto as holdings tendem a ter um perfil de risco moderado, focando na proteção e segurança do patrimônio, os fundos de investimento podem variar entre conservador e agressivo, dependendo dos ativos que compõem sua carteira.
Destarte, tanto a holding quanto o fundo de investimento oferecem vantagens distintas que podem se adequar a diferentes perfis e objetivos de investidores. Aqueles que buscam organizar, proteger e planejar a sucessão de seu patrimônio podem se beneficiar mais da criação de uma holding. Já investidores com foco na rentabilidade financeira, que desejam menos envolvimento direto e acesso a uma gestão profissional, podem optar por fundos de investimento. Independentemente da escolha, é fundamental contar com assessoria especializada para garantir a conformidade legal e a eficiência na estrutura escolhida, bem como maximizar os benefícios e mitigar os riscos.