Laís Gobbo Bandera
A recente homologação do plano de recuperação judicial da Fundação Universitária de Cardiologia (FUC), decidida pelo juiz Gilberto Schäfer, marca um ponto crucial na recuperação financeira da instituição. A decisão permite à FUC, responsável pela gestão de diversas unidades hospitalares no Sul do país, reestruturar suas finanças para continuar com as suas atividades.
A FUC administra cerca de 967 leitos e emprega aproximadamente 4 mil funcionários, estando sobrecarregada com um passivo total de R$ 322 milhões, dos quais R$ 257 milhões são elegíveis para recuperação judicial, representando 80% de seu endividamento.
A aprovação do plano pelo magistrado, sem a necessidade de assembleia geral de credores devido à retirada das objeções, indica que a fundação cumpriu os requisitos legais para a concessão do processo.
O juiz Schäfer, todavia, destacou a importância de a FUC seguir rigorosamente os termos do plano para evitar a falência, estabelecendo um prazo de 120 dias para a apresentação de certidões negativas à prefeitura de Porto Alegre e ao governo federal.
Esta decisão não só oferece uma oportunidade para a FUC reestruturar suas finanças, mas também impõe a necessidade de um cumprimento contínuo das obrigações para garantir a eficácia da recuperação.
Vale ressaltar que fundações, como a FUC, têm legitimidade para solicitar recuperação judicial, uma vez que realizam atividades de relevância social e econômica utilizando métodos semelhantes aos das empresas.
1 Estudante do 5º ano de Direito na Universidade Estadual de Londrina. Assistente jurídica no Federiche Mincache Advogados.
A legislação brasileira, notadamente a Lei nº 11.101, não contém restrições explícitas que impeçam tais entidades de recorrer ao processo de recuperação judicial, reconhecendo a importância social e econômica das atividades que elas desempenham.
O caso da FUC exemplifica os desafios financeiros enfrentados por instituições sem fins lucrativos que prestam serviços essenciais. A crise da fundação foi causada por uma combinação de problemas financeiros, incluindo deterioração do fluxo de caixa e aumento das dívidas, exacerbados pelos elevados preços dos insumos.
A homologação do plano de recuperação judicial da FUC representa, portanto, um passo importante para a estabilização da instituição, permitindo-lhe manter suas operações e continuar a fornecer serviços à comunidade. O sucesso do processo dependerá do rigoroso cumprimento dos compromissos assumidos e da capacidade da FUC de superar suas dificuldades financeiras.
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